Biblioteca Professor Roldão de Siqueira Fontes - CODAI

HISTÓRICO

A busca do passado e a evolução da biblioteca do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (B – CODAI) revela que o Aprendizado Agrícola de Pacas, localizado no Engenho São Bento, Tapacurá, Pernambuco, inaugurado oficialmente em 24 de outubro em 1936[1], originou o Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata, posteriormente, Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Contudo, percebe-se uma lacuna de cinquenta anos nos acontecimentos ocorridos no dia a dia do Colégio, no que diz respeito à biblioteca. Sabe-se, entretanto, que a mesma existe desde o ano de 1985, porém, alguns registros dos fatos ocorridos, do seu desenvolvimento e cotidiano ainda se encontram dispersos. Essa é, portanto, uma história que vem sendo revisitada.

Erguer o véu do tempo e trazer a memória da biblioteca ao conhecimento público traduz-se, especialmente, em revelar e ratificar sua importância, a partir da sua criação e do singular papel social e cultural para a educação e o desenvolvimento dos jovens que frequentaram e frequentam as bancas de estudo no âmbito dessa unidade de ensino da UFRPE, direcionada à educação profissional, científica, tecnológica e de nível médio.

A Resolução nº 193/1997 do Conselho Universitário/UFRPE[2], deu nome à Biblioteca do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas – Codai/UFRPE, que passou a denominar-se “Biblioteca Professor Roldão de Siqueira Fontes”, numa justa homenagem ao professor aposentado daquele educandário. A Biblioteca foi reinaugurada no dia 15 de outubro de 1998, sob essa nova denominação[3]. Sua primeira bibliotecária ali chegou em 2010 e encontrou a biblioteca instalada “temporariamente”, por mais de 05 anos, no auditório do Colégio, situação justificada por questões estruturais do prédio. À época, o acervo era organizado apenas por assunto. 

No segundo semestre de 2011, a biblioteca mudou para outro espaço, passando a se localizar ao lado da quadra de esportes do colégio. No contexto atual, ocupa duas salas de aula: Na primeira, encontram-se a coordenação da biblioteca, os processos técnicos e os processos fins, pequenos reparos e a guarda do material bibliográfico aquisitado. A segunda sala dispõe de uma estante para a guarda de volumes, o setor de atendimento, o espaço para expositor, o acervo geral, com livros técnico-científicos abrangendo todas as áreas do conhecimento, periódicos impressos direcionados a algumas áreas do conhecimento, folhetos e multimeios, além da área de estudo. Nela, há, também, ambiente que disponibiliza um computador para pesquisa previamente agendada, e o espaço “história em quadrinhos”.

A partir de 2013, vem ocorrendo a inclusão do acervo no Pergamum, através de um trabalho conjunto com a equipe da Biblioteca Central. O acervo bibliográfico é composto por todas as áreas do conhecimento, da classe 0 à classe 9, obras de referência e bibliografia. Disponibiliza equipamentos de tecnologia assistiva para atendimento de discentes com necessidades educacionais especiais de acessibilidade.

Em 2023, passou a ofertar novos serviços, tais como: Espaço de guarda-volumes; Espaço do “Gostasse? Pegue e leve”; Espaço de pesquisa com agendamento; Visita orientada, seguida de pesquisa bibliográfica; Normalização dos relatórios de estágio obrigatório; BiblioIndica (com indicações via Instagram de literatura e filmes); Seleção de estagiário para cumprir estágio obrigatório do curso Técnico em Administração; Orientação e acesso à plataforma Minha Biblioteca; Solicitação de Nada consta via e-mail; Cadastro de usuário on-line; Disseminação seletiva de informação (DSI) e Orientação às plataformas de pesquisa.

Como missão, enquanto biblioteca escolar, a Biblioteca Professor Roldão de Siqueira Fontes disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. Tal qual as demais bibliotecas escolares, articula-se com as redes de informação e de bibliotecas, de acordo com os princípios do Manifesto da UNESCO.

Subordinada administrativamente à Vice-direção do CODAI e tecnicamente ao SIBI-UFRPE, funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Sua equipe é composta por 01 bibliotecária, 02 servidores cedidos pela Conab e 01 servidor terceirizado.

Localiza-se na Rodovia PE 05, Km 25, Nº 4000 – Tiúma, São Lourenço da Mata, Pernambuco.

 

BIOGRAFIA DO PROFESSOR ROLDÃO DE SIQUEIRA FONTES
Patrono da Biblioteca do Codai
Professor Roldão de Siqueira Fontes
 

Em homenagem ao antigo mestre do então Aprendizado Agrícola que originou o CODAI, a direção do Colégio escolheu para Patrono da biblioteca o Professor Roldão de Siqueira Fontes, em virtude do vínculo profissional com a história institucional e sua dedicação à pesquisa e divulgação do pau-brasil (Caesalpina echinata lam.), em âmbito local e nacional.

O Professor Roldão de Siqueira Fontes nasceu na Fazenda Cajá, no município de Flores, sertão do Pajeú, Pernambuco, no dia 29 de dezembro de 1909. Foi nomeado Professor de História e Geografia do Aprendizado Agrícola de São Bento, localizado no Engenho São Bento, em Tapacurá, Pernambuco, em 1943. Testemunhou as mudanças ocorridas ao longo do tempo naquela Instituição de Ensino, desde a época em que se denominava Aprendizado Agrícola até sua transformação no Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata, posteriormente, Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), destinado à educação técnica e de nível médio, subordinado à UFRPE, enquanto órgão suplementar.

Durante o tempo em que residiu na região, passou a observar o bosque que havia na frente do colégio, com cerca de 500 mudas de pau-brasil, planta da Família das Leguminosas, denominada pelos botânicos como Caesalpina echinata lam. Pesquisou e, em suas leituras, descobriu que aquela espécie estava em risco da extinção. Depois de encontrar, por acaso, um livro sobre o pau-brasil em um sebo, em 1969, resolveu criar mudas da árvore, com o dinheiro do seu próprio bolso, para reverter a situação de quase extinção. Ele distribuía as mudas aos pais de seus alunos que visitavam a escola.

A partir daquele período, o professor começou a sua peregrinação, na tentativa de restaurar aquela espécie, a qual, durante tantos anos, havia sido destruída. Em 1972, obteve o apoio da reitoria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no sentido de dar mais visibilidade à sua campanha de restauração do pau-brasil. A partir de então, sua iniciativa individual transformou-se numa campanha nacional. Dirigiu-se até Brasília, para conseguir apoio dos governantes do país. Durante todo o percurso, de caminhão cedido pela universidade, seguiu de Pernambuco a Brasília, distribuindo cerca de 10 mil mudas por onde passava.

Porém, a notícia de que o Governo Federal iria construir a barragem de Tapacurá, próximo ao local onde estavam instalados o Colégio Agrícola e o bosque do pau-brasil, o que destruiria as instalações do Colégio e, sobretudo, aqueles poucos exemplares que haviam restado da ferrenha exploração ao longo do tempo, trouxe desolação ao professor. Inconformado, lançou uma nova campanha, dessa feita, para salvar o bosque, e logo contou com a colaboração da imprensa.

Diante de tal situação, o ecólogo e professor João de Vasconcelos Sobrinho, visando à preservação da árvore, sugeriu a Mata do Toró, que era propriedade da referida escola, como local propício para a reprodução da espécie, que se encontrava ameaçada de extinção. Foram plantadas cerca de 12.500 mudas de pau-brasil, próximas à bacia hidráulica da barragem de Tapacurá. O projeto contou com o auxílio financeiro do DNOS, Departamento Nacional de Obras de Saneamento, que custeou o replantio e a manutenção.

Como resultado, houve repercussão negativa para os construtores da barragem. Para minimizar os transtornos, a construtora decidiu plantar novas mudas em volta da barragem. Criou o bosque, com 50.000 árvores de pau-brasil, às margens da área inundada na Barragem de Tapacurá, onde funcionou, anteriormente, a Escola Superior de Agricultura de São Bento, que deu origem à UFRPE.

O Professor Roldão de Siqueira Fontes liderou ininterrupta peregrinação, mantendo contatos com políticos de todos os partidos. Depois de alguns anos de luta, conseguiu que o pau-brasil passasse a ser protegido pela Lei 6.607, de 07 de dezembro de 1978, que instituiu o pau-brasil como a "árvore nacional", e o dia 03 de maio como o "Dia Nacional do Pau-Brasil". Foi o grande responsável pela campanha nacional para preservação, divulgação e plantio dessa árvore nativa, e símbolo nacional nas escolas e praças de Pernambuco e do Brasil.

Manteve sua luta, contatando também professores, ruralistas, estudantes, imprensa, órgãos públicos e, especialmente, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no sentido de levar adiante seu ideário, encontrando apoio em todos os segmentos. Ao longo dos anos, também recebeu apoio das várias diretorias do Colégio Agrícola, berço onde nasceu a Campanha Nacional do Pau-brasil, local onde o dedicado professor atuava de maneira permanente e atuante. Suas ações o levaram a ser homenageado com o título de “O Apóstolo do Pau-Brasil”. Foi chamado por Frederico Pernambucano de Melo de “O Apóstolo do Verde”, e pelo mestre Ariano Suassuna como “O Cavaleiro da Branca Lua”.

Em virtude da bela e exemplar história de vida desse baluarte da secular UFRPE e, especialmente, pelo vínculo profissional e dedicação à história institucional, a direção do CODAI o escolheu para Patrono da sua biblioteca, numa justa homenagem àquele que dedicou 40 anos de sua vida ao ideário da preservação e divulgação do pau-brasil, e fez da preservação o seu objetivo principal, desenvolvendo ações de produção, difusão, educação e articulação em defesa dessa árvore, que deu nome ao nosso país.

Aposentou-se em 1983, como Professor de História e Geografia. Por meio de palestras e repasse de mudas, seu trabalho em defesa do pau-brasil continuou, até que, em 1988, deu vida à Fundação Nacional do Pau-Brasil (Funbrasil), instituição privada criada por ele, que tem como um dos objetivos produzir e plantar mudas de pau-brasil em todo o território nacional. Seus ideais perpetuam-se, através das 2.700.000 árvores que deixou plantadas em todo o país e nas ações da Funbrasil. Atualmente, sua luta continua através da filha, Ana Cristina Roldão, que preside a Funbrasil, com igual dedicação, zelo e amor.

Faleceu no Recife, em 05 de novembro de 1996, às vésperas de completar 87 anos.


[1] De acordo com a DECISÃO nº 03/2004 - COMISSÃO DE ENSINO/CODAI/UFRPE, de 22 de setembro de 2004, a qual anexa a notícia da inauguração oficial do Aprendizado Agrícola de Pacas pelo então governador de Pernambuco, Exmo. Sr. Carlos de Lima Cavalcanti, publicada no Diário de Pernambuco, nos dias 23 e 25 de outubro de 1936, páginas 10 e 35, respectivamente. Ficando institucionalizado o dia 24 de outubro como O DIA DO CODAI/UFRPE.
 
[2] A mencionada Resolução foi emitida em 02 de dezembro de 1997, cuja cópia encontra-se disponível na Biblioteca do Codai e também na Biblioteca Central - Núcleo do Conhecimento Prof. João Baptista Oliveira dos Santos.
 
[3] A placa com a nova denominação, encontra-se localizada no antigo prédio em São Lourenço e relaciona as seguintes autoridades: Reitor: Professor Emídio Cantídio de Oliveira Filho; Vice-reitora: Professora Tânia Maria Muniz de Arruda Falcão; Pró-reitor de Administração: Professor Gabriel Rivas de Melo; Diretora da Biblioteca Central da UFRPE: Bibliotecária Nanci Oliveira Toledo; Diretor do Codai: Professor Benedito Luiz Correia e Vice-diretora do Codai: Professora Cláudia Mellia.